A Atitude Crítica


A palavra “crítica” é de origem grega. Entre os significados principais destacam-se: capacidade de discernimento e de julgamento correto; capacidade de exame racional com isenção de preconceitos e pré-julgamentos; atividade de exame e avaliação detalhada (1).

“Consciência ingênua” implica uma “percepção pouco analítica das coisas em que o indivíduo posiciona-se, face aos desafios, com simplicidade, sem se aprofundar nas causas reais geradoras deste ou daquele problema, concluindo, em decorrência, por resultados superficiais e por soluções pouco objetivas” (2).

O sujeito de consciência ingênua orienta-se antes pela intuição, pela emoção, e pouco pela razão… A atitude crítica, ao contrário, realiza-se em um processo racional que envolve a análise do pensamento, a argumentação, o embate de ideias contrárias.

A atitude crítica, portanto, é aquela que submete crenças estabelecidas à análise de seus significados, sentidos e motivações profundas e essenciais.

É próprio da consciência ingênua “a aceitação das formas gregárias e massificadoras de comportamento; fragilidade na discussão de problemas; forte conteúdo emocional com prejuízo da criticidade; tendências ao fanatismo e ao sectarismo; postura de fé nas compreensões mágicas” (3).

A atitude crítica é aquela que, baseada na reflexão racional, é inerente à atitude filosófica. Ao questionar a realidade, o filósofo está estabelecendo uma crítica a seu objeto de reflexão e àquilo que o envolve. A atitude crítica deve dispor de “um método claramente explicitado a fim de proceder com rigor, garantindo a coerência” e o exercício da reflexão filosófica (4).

O pensamento filosófico é inseparável da atitude crítica. A superação da conciência ingênua é impulsionada pela crítica, entendida como exame racional que proporciona o discernimento, a avaliação e o exame pormenorizado de uma ideia ou coisa. É pela atitude crítica que a “experiência vivida é transformada em experiência compreendida, isto é, um saber a respeito dessa experiência” (5).

Conclui-se que a atitude filosófica é uma atitude crítica, pois corresponde aos “significados da noção de crítica, a qual, como se observa, é inseparável da noção e racional” (6). Assim, Filsofia e crítica são atividades intimamente relacionadas.


REFERÊNCIAS

(1) CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2004.

(2) BEDIN, Fermino. Metodologia: o caminho da ciência. São Paulo: Edicon, 2007, p. 37.

(3) BEDIN, Fermino. Metodologia: o caminho da ciência. São Paulo: Edicon, 2007, p. 37.

(4) ARANHA, Maria L.A.A.; MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1997, p. 74-75.

(5) ARANHA, Maria L.A.A.; MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1997, p. s/n.

(6) CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2004, p. 18.